terça-feira, 13 de março de 2012

 

A revolução começou
Nova estrutura viária, tecnológica e de transportes faz surgir o Novo Centro do Rio.
 
O maior projeto de reurbanização do país, e um dos maiores do mundo, está mudando o eixo demográfico da cidade do Rio de Janeiro na direção do chamado Novo Centro. A região, coberta pelos bairros de São Cristóvão, Cidade Nova, Santo Cristo, Centro, Gamboa, Saúde e Caju, ressurge como polo residencial, de turismo, entretenimento e negócios, com empreendimentos comerciais e imobiliários de alto padrão em sustentabilidade, con­forto e serviços, incluindo vida noturna. O projeto prevê que 60% das novas construções sejam residenciais, nos moldes do que foi feito em Barcelona e Berlim, obedecendo a um modelo de intervenção urbana bem sucedido e de estrutura internacional.
Estima-se que, em 10 anos, a região deverá ter 100 mil ha­bitantes. A revolução na zona portuária mobilizará investimen­tos de R$ 8 bilhões até 2015, em área de cinco milhões de metros quadrados. Esses recursos re­sultam de outorga onerosa — ini­ciativa do prefeito Eduardo Paes aprovada pela Camará Municipal  com base no Estatuto da Cidade - e estão "carimbados". As obras incluem a construção de quatro quilômetros de túneis, reurban­ização de 70 quilômetros de vias e de 650 mil metros de calçadas, recuperação de 700 quilômetros de redes de infraestrutura urba­na, 17 quilômetros de ciclovias, além de ações nas áreas de dre­nagem e iluminação.
O eixo da revitalização já ganha forma: a avenida Francisco Bicalho e confluências. Além de empreen­dimentos imobiliários, como o da Tistunan Speyer, para locação, e o Alfa Corporate, da Concal, pioneiro na oferta de unidades corporativas, estão sendo implantadas novas conexões de transporte, ligando trens, metrôs e grandes vias, espaços culturais e hoteleiros.
A reinvenção do Centro é um dos três eixos da reordenação da cidade, ao lado da remodelação do sistema de transporte e da adoção de práticas sustentáveis, segundo Eduardo Paes. "Como era possível uma área de cinco milhões de metros quadrados no Centro da cidade, sem nada? Es­ses novos empreendimentos vão atrair as pessoas para morar no Centro", afirma.
No Porto Olímpico senão insta­ladas as vilas de mídia e de árbitros e um centro de convenções para os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016. Está programado também um centro de mídia não creden­ciada (para jornalistas que não cobrirão os Jogos). Segundo o ar­quiteto João Pedro Backheuser, na área paralela à Avenida Francisco Bicalho, 100 mil metros quadra­dos serão ocupados por moradias, salas comerciais, praças. Do outro lado, a oeste, a área onde ficam a usina de asfalto da prefeitura e um terreno da Cedae dará lugar a um hotel cinco estrelas com 45 andares e um centro empresarial. O gabarito aprovado para a região é de 50 andares.
Já há 24 novos projetos aprova­dos pela prefeitura para o Porto Maravilha e demanda intensa por novos espaços, especialmente corporativos. A procura avança motivada pelo desenvolvimento econômico do Estado, em que se destacam a indústria do petróleo, a siderurgia e o segmento aeropor­tuário, assim como pela realização da Copa de 2014 e da Olimpíada de 2016. Este ano foram instaladas 50 mil novas empresas no Rio.
A cidade de volta aos trilhos

 
A antiga estação de São Cristóvão dará lugar à Estação Multimodal Olímpica, reunindo trens de alta performance, linhas de metrô e BRT. Vizinha, a Estação da Leopoldina receberá o trem-bala.
Até 2016, os investimentos em transporte no estado vão somar cerca de R$ 11 bilhões, com recur­sos federais, estaduais, municipais e privados. Em alguns anos, o Rio devera se tornar uma capital de matriz ferroviária, cortada por me­trô, trens de superfície e de alta ve­locidade, "O Rio esta fazendo uma revolução na plataforma metroferroviária", assegura o secretario es­tadual de Transportes, Julio Lopes.
Do orçamento previsto, o go­verno estadual e a SuperVia vão destinar R$ 2,4 bilhões ao sistema ferroviário, que hoje se distribui por 98 estações em 12 municípios. Além de trens modernos, serão fei­tas melhorias relacionadas à aces­sibilidade, iluminarão, comunicação, banheiros etc. As reformas de todas as estações, até 2020, estão estimadas em R$ 150 milhões. Este mês, foi reinaugurada a Estação de Oswaldo Cruz (ramal Deodoro), a primeira reformada sob a nova gestão da SuperVia, controlada pela Odebrecht Transport. As novidades incluem cobertura, piso tátil, comunicação visual e iluminarão. Além disso, pintura nanotérmica (que absorve menos ca1or), aplicada em edificações sustentáveis por ajudar a combater o aquecimento global.
Em outra ponta, o governo in­veste para ampliar a mobilidade urbana ligando a rede de trens as linhas de metrô, com a construção da estação Multimodal Olímpica no lugar da Estação de São Cristóvão, o mais importante ponto de integração física e tarifaria para conexão de diferentes linhas.
"Poucas áreas no Rio terão o crescimento e a mobilidade de São Cristóvão em futuro próximo", diz Lopes. Além disso, ele lembra que, na região, vai operar também o trem-bala (Estação da Leopol­dina), igualmente integrado ao complexo metroferroviario. "O passageiro salta do trem de alta velocidade (TAV), pega o metrô ou o trem da SuperVia."
A entrega dos envelopes para a concorrência do projeto de re­formulação de estações, incluindo a de São Cristóvão, esta marcada para o próximo dia 22, com homo­logação prevista para fevereiro. A licitação das obras deve sair em agosto. "Em um ano, esperamos ter as obras concluídas", adianta. Os vagões também serão renovados. Segundo Lopes, até 2014 vão passar de 168, com idade média de 50 anos, para 210, com 16 anos em média. Haverá vagões com tempe­ratura ambiente de 23 graus (hoje, apenas 38 trens têm ar-condicio­nado), telas de LCD e câmeras in­ternas de segurança. "São trens de última geração", garante.
Para o Metrô, informa o secre­tario, foram comprados 114 novos carros, que vão se somar aos atuais 184. Além disso, com a expansão da linha 4, que estará funcionando em 2016, será possível sair de São Cristóvão e ir a qualquer ponto da cidade, incluindo Santa Cruz, na metade do tempo atual. "E um con­texto de mobilidade extraordinário, que coloca o Rio de Janeiro em uma matriz ferroviária comparável a qualquer outra de grande quali­dade no mundo."
"Há 30 anos, deseja-se mudanças no Porto no Rio, seguindo tendência internacional de revitalização de zonas portuárias", complementa o secretario municipal de Urbanis­mo, Sérgio Dias. "Ali esta o núcleo financeiro, do Judiciário, do Poder Municipal, etc. Não tem lógica bair­ros como Botafogo, Barra e Ipane­ma virarem centros comerciais", pondera. Segundo ele, a revitali­zação do Novo Centro ainda terá o mérito de reduzir deslocamentos e, consequentemente, as emissões de CO2, que provocam o efeito estufa.
Em 1950, a cidade tinha 3,2 mi­lhões de habitantes e 1,5 milhão se deslocavam de trem. Hoje, é uma população de 6,3 milhões, para ape­nas 350 mil passageiros. A intenção é voltar a ter um milhão de pessoas andando de trem ou metrô, até 2020.

O novo invade a história
Revolução urbana do Centro terá empreendimento de conceito pioneiro
A 500m da Estação da Leopoldina, o Alfa Corporate será o primeiro empreendimento de alto padrão
O glorioso e histórico bairro de São Cristóvão, integrado ao Novo Centro do Rio e servido por novas conexões de transporte, ganha seu primeiro empreendimento de alto padrão. Pioneiro e diferenciado, o Alfa Corporate será lançado oficial­mente hoje pelo Grupo Concal, com 512 unidades que somam valor de venda de R$ 120 milhões. Segundo o presidente do grupo, José Conde Caldas, metade desse total já está sob pré-reserva, desempenho que ele atribui ao grande potencial de valorização da região, epicentro de uma revolução urbana que está atraindo investimentos para a modelização da cidade.
O Alfa Corporate será construído na rua Francisco Eugénio ao lado da avenida Francisco Bicalho, um dos eixos mais importantes do Novo Centro. Esse polo de atração econômica e social da cidade co­bre, diz Caldas, o centro comercial de São Cristóvão, a Cidade Nova e o Porto Maravilha. Será atendido por novos acessos ao transporte, com destaque para a Estação Intermo­dal Olímpica, no lugar da estação do metrô de São Cristóvão, que in­tegrará linhas de trens de alta per­formance, metrô e BRT.
"Essa mobilidade dará uma con­dição muito especial a São Cristó­vão. Além disso, a rua Francisco Eugénio está a cerca de 500 metros da Estação da Leopoldina, de onde vai partir o term-bala Rio-São Pau­lo", informa o presidente do Grupo Concal. A expectativa é de que a licitação para o novo trem de alta velocidade saia já em 2012.
"Essa região é o polo do Novo Centro do Rio, com urbanismo moderno, prédios comerciais e re­sidenciais, e o diferencial de abri­gar grande centro de convenções, um hotel cinco estrelas e o Porto Olímpico, que concentrará a vila de árbitros e o centro de mídia, com cinco mil apartamentos, que será construído para receber 22 mil jornalistas e outros profissionais de comunicação durante a Olimpíada de 2016." Para o executivo, o último Plano de Reestruturação Urbana (PEU) da região de São Cristóvão, elaborado há quatro anos, abriu o caminho para a revitalização do bairro. Empreendimento da Tish­man Speyer na Avenida Francisco Bicalho, já em construção, terá 35 mil metros quadrados disponíveis para locação. "Já construímos qua­tro prédios novos ali. As unidades, vendidas na época do PEU a R$ 2,6 mil o metro quadrado, estão sendo oferecidas agora a R$ 5,5 mil o me­tro quadrado, afirma.
"O Alfa Corporate será lançado a partir de R$ 8 mil o metro qua­drado, enquanto o metro quadrado de empreendimentos no Porto Ma­ravilha está previsto para R$ 12 mil. A estimativa é de que haja valoriza­ção de 50% a 60% por cento, em três ou quatro anos. Há demanda forte por lajes corporativas, e não há ou­tro local disponível para esse tipo de unidade no Rio. Mesmo empre­sas que se instalaram na Barra estão querendo voltar para o Centro", diz Conde Caldas. Até o momento, as primeiras reservas do Alfa Cor­porate foram feitas, principalmen­te, por representantes de grandes empresas (um quarto das reservas é corporativa), investidores e mui­tos médicos que planejam montar consultórios ali, devido à proximi­dade do Hospital Quinta D'Or.
O empreendimento segue o mo­delo que oferece as facilidades de um bairro no conforto de um prédio. Reúne unidades corporativas e conta com portaria monumental, pé direito triplo, cobertura com vista panorâmica e áreas de apoio - restaurante internacional, salas de reunião, de videoconferência, SPA, academia de ginástica, sauna seca e a vapor.
Há escritórios funcionais de 24 a 36 metros quadrados e escritó­rios com opção de unificação de 157 a 1.700 metros quadrados; lo­bby com sistema de catracas; oito elevadores; concierge, recepção e segurança; coleta seletiva de lixo nas áreas comuns e sistema de reuso de água; auditório para cem pessoas, salas de reunião equipa­das; bancada com cuba em todas as salas; altura de piso a piso de 3,10 metros; preparação para rece­ber piso elevado e infraestrutura com flexibilidade de layout.


Fotos: divulgação prefeitura do Rio / Divulgação Concal / Gabriel de Paiva - Ag. O Globo